segunda-feira, 5 de julho de 2010

ESTRANHEZA

Gente é coisa estranha. Estranha no melhor sentido da palavra. Segundo o Aurélio, estranho é incomum, contrário ao uso, à ordem, ao bom senso. Eu gosto de estranho porque gosto o do que é incomum, e o que é estranho pode surpreender.

Eu sou estranha, e acho que é no melhor sentido da palavra. Respeito as diferenças, respeito o que é autêntico, respeito principalmente o que se aceita. Um dia me falaram que sou especial, mas quem não é? Sou quem nem Clarice Lispector: eu gosto do inacabado e do que é desajeitado. Prefiro acrescentar a recomeçar. Recomeçar pode ser mais fácil, mas acrescentar é mais recompensador: tem um pouquinho do que é meu junto de outras coisas. Gosto de borrar a unha e ter eu mesma que dar um jeitinho de consertar. Gosto de namorado que é todo errado e devagar vai se acertando  Às vezes eu gosto de estar no sufoco e me virar aos 45 do 2 tempo. Eu gosto do que começa errado. Eu gosto dos que erram de vez em quando. E gosto demais dos que acertam depois do erro. Que chato seria o mundo se todos tivessem nascido sabendo.

Eu sou estranha, e acho que em alguns momentos no pior sentido. O Aurélio também diz que estranho é pessoa que não conhecemos. Posso ser estranha a você porque posso ser estranha a mim mesmo. Se conhecer é ação eterna, ou pelo menos deveria ser. Minha maior motivação na vida é entender quem sou eu e do que sou capaz. Me surpreendo comigo em muitos momentos, e acho isso bom. Mas nem todos acham. Um dia me chamaram de louca, mas quem não é? Cada um tem a sua própria loucura, uns mostram e outros não. Drummond disse que todo ser humano é um estranho ímpar. Não sei se ele está certo, mas acho que todos deveriam ao menos tentar.

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