INEVITÁVEIS ESCOLHAS

"Ser ou não ser, eis a questão" - quem não conhece essa famosa frase de Shakespeare?! Hamlet foi uma peça concluída em 1601, ou seja, há quanto tempo existe essa dúvida pairando no ar! Ser ou não ser?

Desde que o mundo é mundo, desde que a gente nasce, desde que a gente é gente, todo mundo é obrigado a fazer escolhas. A facilidade em fazê-las está no peso de suas sabidas consequências. Pegar o Alto da Boa Vista para chegar no centro pode me atrasar ou me adiantar em 30 minutos. Casar com a pessoa errada pode me atrasar ou adiantar a vida. E estamos falando de toda uma vida.

Então por que as pessoas casam? Ou porque elas têm a certeza absoluta do que estão fazendo: seja por terem encontrado o grande amor ou por acharem que serão mais felizes casadas do que solteiras; ou tem também aquelas que se casam porque não têm a menor noção do que é casar - não pensaram nas consequências ou não têm medo delas. As pessoas se casam por vários motivos, e muitas pelo motivo errado. Mas decisão mais séria do que casar é separar. Isso sim é decisão de quem tem coragem. Chegar à conclusão de que a vida não está boa e tomar uma atitude para mudar pode parecer óbvio mas é difícil. Quantas e quantas pessoas não vemos por aí infelizes no casamento, que não se separam por medo de estarem sozinhas. Reconhecer que uma mudança radical é urgente pode trazer à tona um monte de sentimentos com os quais temos que lidar: medo, angústia e até vergonha. Sim, tem gente que tem vergonha - vergonha de estar solteiro, vergonha de ter "fracassado", vergonha de ter "escolhido errado". Não há fracasso se houve felicidade um dia. Não há fracasso se houve alma. Fracasso é ser infeliz.

E assim é com tudo na vida. Seja grande ou pequena, uma decisão tem que ser tomada de forma consciente; e, se escorregar, volta. Você pode voltar. Pode pensar duas vezes, não há problema, mas se tiver que voltar atrás, o que te segura? Já ouvi muitas desculpas em cima do "tempo perdido". Que tempo que foi perdido se esse tempo ajudou no novo caminho? E não é melhor "perder um tempo" do que uma vida? Mudar de emprego, mudar de marido ou de estado civil,  mudar de cidade, mudar de país, mudar de eu - porque a gente muda também. Ou não mudar de nada - se não tiver que mudar não mude.

Não to defendendo a solteirice eterna. Não to defendendo a fuga das escolhas. Não é possível fugir delas, porque até fugir da escolha já é uma escolha. To defendendo a vida.To defendendo a coragem de assumir uma decisão e a coragem de voltar atrás se necessário. To defendendo o livre-arbítrio, que nada mais é do que o poder de escolher suas ações. Somos livres para ir e vir. Enquanto houver liberdade, haverá a possibilidade de felicidade, então por que não optar por ela?

Escolhas e reescolhas. Escolhas e novas escolhas. Assim é a vida e feliz é aquele que tem coragem de escolher certo. Porque entre ser ou não ser, eu escolho ser.